O relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgado em março desde ano, estima que as reservas hídricas do mundo podem encolher 40% até 2030. Segundo o documento, há no mundo água suficiente para suprir as necessidades de crescimento do consumo, desde que haja uma mudança dramática no uso, gerenciamento e compartilhamento do recurso. O relatório aponta ainda que o Brasil está entre os países que mais registraram stress ambiental. As mudanças nos fluxos naturais dos rios, realizadas entre 1981 e 2014, para a construção de represas ou usinas hidrelétricas causaram maior degradação dos ecossistemas, com aumento do número de espécies invasoras, além do risco de assoreamento. Apesar do país já enfrentar problemas de abastecimento na região Nordeste, a preocupação com a falta de água ganhou destaque com a crise hídrica no Sudeste.

Pensando nisso, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústri a da Construção (CMA/CBIC) convidou especialistas da área hídrica e representantes do Ministério das Cidades e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para discutir na última quarta-feira (29/07), em Brasília, questões da gestão hídrica e contribuições do setor da construção para o uso eficiente da água em edificações, bem como sobre o reúso de água. A ideia, segundo o presidente da CMA/CBIC, Nilson Sarti, é no futuro desenvolver, em conjunto com o governo federal e demais entidades e parceiros estratégicos envolvidos no tema, um modelo de gestão para a solução da questão hídrica nacional. O tema já foi apresentado à secretária Nacional de Habitação, Inês Magalhães, no último dia 28 de julho.

Para defender os interesses e melhorar a performance do setor industrial para a promoção de práticas de uso eficiente da água e qualificação do setor no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) conta, em sua estrutura, com a Rede de Recursos Hídricos, que é coordenada por Percy Soares Neto. “A atual situação demanda ações estruturais e institucionais”. Uma das premissas da Rede, segundo Percy Neto, é identificar temas prioritários, tendências, riscos e oportunidades na agenda de recursos hídricos. “O diálogo entre oponentes só é produtivo em combinação com a apresentação de soluções alternativas”, destaca Percy Neto. No momento, o radar da Rede está focado na apreciação dos preços, na sustentabilidade das companhias de saneamento; na fragilidade das bases de informação sobre usos, qualidade e disponibilidade, nos riscos de desabastecimento e na maior vulnerabilidade às condições climáticas. Uma das questões levantadas e que deve entrar no radar da entidade é a necessidade de uma mudança na sistemática de cobrança da tarifa.

O representante da CNI informou ainda que especialistas da Confederação acompanharam os principais painéis e conferências do 7º Fórum Mundial da Água, realizado entre os dias 12 e 17 de abril deste ano, em Daegu, na Coreia do Sul. O Brasil teve grande destaque no evento e prepara-se para sediar a próxima edição do Fórum Mundial da Água, que será em Brasília, em 2018.

Fonte: CBIC