Embora o governo federal tenha anunciado ontem mudanças no “Minha casa, minha vida” (MCMV), a terceira etapa do programa, com a construção de mais 3 milhões de unidades habitacionais até 2018, não foi lançada e não há data definida para ocorrência de novas contratações.
“O problema maior não é nem iniciar a terceira fase, mas regularizar os pagamentos e ampliar o ritmo de execução das obras já contratadas das fases anteriores”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover.
Segundo ele, essa situação tem prejudicado toda a cadeia da indústria nacional da construção civil. Para se ter uma ideia, em 2013, o MCMV representava 7% a 8% de todo material de construção vendido no País e 15% da receita das construtoras. “Agora, esses percentuais caíram para menos da metade”, ressalta.
O governo preferiu aguardar a aprovação do Orçamento de 2016 pelo Congresso Nacional para decidir sobre a terceira etapa do MCMV. “De qualquer maneira, não esperávamos mesmo que o governo fosse contratar nada neste ano”, observa Cover, resignado. A expectativa da Abramat é que o setor recue cerca de 7% em 2015. Já o faturamento da indústria da construção civil deve cair 10% e do varejo, 4%.
A boa notícia para esses segmentos é o aumento do valor limite da renda da primeira faixa do programa, que não tem juros e conta com maior subsídio, que passou de R$ 1,6 mil para R$ 1,8 mil por família. Conforme previsto, o governo criou um grupo de renda intermediário, chamado de faixa 1,5, que vai atender a famílias com renda de até R$ 2.350 mensais, que terão subsídio de até R$ 45 mil. “Desde 2012 os valores praticados no MCMV não eram reajustados”, lembra o presidente da Abramat.