Embaladas pelas crises econômica e hídrica, fabricantes de filtros de barro estão crescendo até 20% e contratando mais empregados para atender a demanda. A maior fabricante do setor, a Cerâmica Stéfani, de Jaboticabal (SP), está produzindo por mês, em média, 18 mil filtros, e deve fechar o ano com cerca de 220 mil unidades fabricadas – ou 20% a mais que no ano passado. Para atender a demanda, o quadro de funcionários, hoje de 165 pessoas, cresceu 8%.

O superintendente da empresa, Emilio Garcia Neto, aponta as dificuldades do país – a alta da energia elétrica e a escassez de água em certas regiões – como os motivos do crescimento. “Para não gastar energia, as pessoas deixam de usar aqueles filtros que mantêm a água gelada. Os de barro reduzem em até cinco graus a temperatura”, disse.

Para o empresário, com a crise hídrica consumidores passaram a desconfiar da qualidade da água, o que também os levou a comprar filtros. Para ser aprovado pelo Inmetro, o produto deve seguir duas portarias de 2014, que estabelecem redução no número de partículas de ao menos 85% e eficiência bactericida de 95%.

Outro fator para o crescimento das vendas é a economia. A vela de um filtro de barro custa a partir de R$ 5, enquanto o refil de um purificador elétrico sai a partir de R$ 30. A vela deve ser trocada a cada seis meses.

20 mil kg de argila

A previsão é que a empresa, que domina 60% desse nicho e exporta para 45 países, fature R$ 30 milhões neste ano. Para produzir os filtros, ela usa 20 toneladas por dia de argila, de uma jazida situada a 80 quilômetros da sede.

Jesus Benedito Rodrigues, proprietário da Filtros São Pedro, também de Jaboticabal, que produz 4.000 unidades mensais, diz não sentir a crise. “Tem é trabalho, e muito. Não vendo mais porque não tenho estrutura para isso”.

Jaboticabal reúne cerca de dez empresas, a maioria com até dez funcionários. A informalidade é um dos problemas do setor, segundo o Sindicato dos Ceramistas. A recomendação é que o consumidor só compre filtros certificados pelo Inmetro.

“Barro tem em todo lugar. Qualquer um acha que sabe fazer, mas não é assim”, disse Rodrigues.

Fonte: Folha de S. Paulo