Numa grave crise, a cada dia mais cerâmicas de Panorama (SP) estão encerrando suas atividades. Segundo a Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista (Incoesp), de 2014 até o momento, 29 já encerraram as atividades na cidade. Antes, eram 85 fábricas, agora são apenas 56. O problema das empresas tem reflexo direto na cidade, pois, com o alto número de demissões de trabalhadores ceramistas, o comércio local também é prejudicado.

Mário Fernandes Delfino era gerente de uma cerâmica que chegava a produzir 700 mil tijolos por mês e, durante 21 anos, gerou 25 empregos diretos. Porém, agora ela está abandonada. Delfino afirma estar sem condições financeiras de mantê-la aberta, então o proprietário acabou fechando as portas há três meses.

“Há um ano, nós produzíamos 700 mil blocos, com R$ 15 mil a R$ 18 mil de energia. Hoje, a energia para fazer a mesma quantidade de blocos foi para mais de R$ 50 mil, tem companheiro meu pagando R$ 52 mil. Antes, o tijolo era R$ 0,30, agora é R$ 0,26. Cada dia que passa é mais difícil”, explicou o gerente.

Um levantamento feito pelo sindicato dos trabalhadores aponta que no ano passado inteiro foram 345 demissões no setor. Neste ano, até os primeiros dias de outubro, foram 227.

O presidente da Incoesp, Milton Salzedas, disse que o aumento no custo da produção é um dos principais fatores que contribuem para a crise e que uma solução depende muito da implantação de políticas públicas.

“A saída nossa é uma logística mais barata e as barreiras fiscais e os custos da produção que a gente tem que diminuir. Tanto é que na argila a gente já conseguiu essa diminuição. Agora, a gente precisa procurar outras diminuições, mas não depende só de nós. Depende, principalmente, de ações do Governo”, salientou o diretor da Incoesp.