A lista de ofícios enviados ao governador Camilo Santana teve mais uma correspondência protocolada nesta quinta-feira (26). Desta vez pelo setor da Construção Civil. Assinado por quatro entidades representativas, o documento endossa pleito já enviado por Indústria e Comércio: o retorno do funcionamento das empresas e o fim do isolamento social decretados para conter a contaminação pelo novo cornavírus.

No entanto, Patriolino Ribeiro, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Ceará (Sinduscon-CE), pondera que este retorno aos canteiros de obras seria gradual, e não todos os 50 mil operários do Estado de uma só vez. 

Isso porque o Sinduscon-CE acertou acordo de férias coletivas com o sindicato dos trabalhadores e muitos deles ainda estão cumprindo este período.

“Então, a medida que esse pessoal for voltando das férias, a gente vai abrindo os canteiros. Importante comentar o seguinte: em Fortaleza, onde é a maior concentração, nós não temos muitas obras gigantescas por causa da crise (econômica no setor), é muito pulverizado. A gente acredita que consiga ter toda segurança para o retorno dos trabalhadores”, observa.

Questionado se a tomada de decisão sobre o ofício foi motivada por algum cálculo de prejuízo para o setor, Patriolino afirmou que “é cedo para falar em prejuízo” e justificou o pleito como precaução.

Temor pelas pequenas construtoras

As pequenas construtoras, cujo canteiro conta com número de operários entre 5 e 15, segundo ele, são a principal preocupação do setor, pois “não aguentam ficar arcando com os custos” sem a atividade estar em curso.

“Então, esses pequenos empresários vão acabar demitindo essas pessoas e a gente fica preocupado com isso, com essa demissão em massa”, destaca.

Ele explica que não há possibilidade de extender férias ou usar banco de horas porque, geralmente, os operários trabalham por obra executada. Ao término do serviço, todos recebem os encargos e, caso tenha uma nova construção, são recontratados.

Medidas de saúde

Para assegurar que os canteiros não se tornem focos de disseminação da Covid-19, o presidente do Sinduscon-CE afirmou que a entrada e a ida ao almoço são escalonadas, para evitar aglomeração. 

“Ainda temos álcool em gel, pia para as pessoas lavarem as mãos, temos luvas, máscaras e liberarmos funcionários que tem diabetes, doenças coronarianas ou problema renal”, enumerou.

Juntamente com o Sinduscon-CE, assinaram o ofício entregue ao Governo a Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE), a Câmara Setorial da Construção Civil e Imobiliária do Ceará, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Ceará (Creci-CE) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Ceará (Crea-CE).

À espera de respostas

Ficou prometido, segundo informaram a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) e a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, que o governador prometeu para esta sexta-feira (27) uma resposta aos pleitos do setor produtivo.

A decisão esperada pelos empresários é que o decreto de emergência – responsável pela o fechamento de algumas empresas e o isolamento social, tenha fim domingo (29).

No entanto, em decreto seguinte, onde concedia benefícios fiscais aos empresários, o Governo do Estado previa a prorrogação do período.

Nesta quinta-feira (26) pela manhã, Camilo Santana ainda demonstrou insatisfação com as cobranças que vem recebendo de empresários ao escrever no Twitter que não deve “ceder às pressões de setor A ou B”.

Fonte: Diário do Nordeste