Realizado de 24 a 27 de agosto, em Campinas/SP, evento recebeu cerca de 2 mil visitantes
Por Mellyna Reis
Em meio a um cenário de recessão econômica, o 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha, realizado entre os dias 24 e 27 de agosto, no centro de convenções Expo Dom Pedro, em Campinas/SP, superou as expectativas. Promovido pela Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), o evento ofereceu mais de 16h de conteúdo técnico, entre palestras, fóruns, minicursos e um debate.
A crise que atinge fortemente a indústria nacional pautou várias apresentações. Os consultores e especialistas apontaram caminhos, deram dicas e trouxeram uma luz para que os empresários enfrentem, cresçam e criem oportunidades neste período difícil. A programação técnica contemplou os temas sustentabilidade como ferramenta de negócios, inovações tecnológicas, norma de desempenho, compra de energia elétrica no mercado livre e outros.
Uma grande festa marcou o encerramento do 45º Encontro Nacional, no dia 26, com a entrega do Prêmio João de Barro – que premiou pela primeira vez um professor universitário, Guilherme Parsekian/UFSCar – e o show gratuito do grupo Demônios da Garoa. Já no sábado, dia 27, os ceramistas fizeram duas visitas técnicas às cerâmicas Mundi, em Salto, e Formigari, em Itapira.
Esta foi a primeira vez que o evento foi realizado na cidade de Campinas, que se destaca por ser um dos polos do segmento cerâmico do estado. Em São Paulo, mais de 600 indústrias cerâmica estão instaladas, gerando cerca de 35 mil empregos diretos e 110 mil indiretos. No Brasil, o setor movimenta cerca de R$ 18 bilhões por ano, representando 5% da cadeia da construção civil.
“Quero agradecer a presença de todos de forma maciça aqui no nosso 45º Encontro Nacional. Foi muito bom contar com a participação dos ceramistas e fornecedores. As clínicas e fóruns foram ótimos. Enfim, foi mais do que a gente esperava. Somos todos cerâmica!”, comemorou o presidente da Anicer, Natel Moraes.
Cerâmicas recebem certificado de qualificação nos PSQs
Após o discurso do presidente Natel Moraes na cerimônia de abertura, foi realizada a entrega dos certificados de qualificação no Programa Setorial da Qualidade – PSQ, do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Dezenove cerâmicas – sendo 16 fabricantes de blocos e 3 de telhas – que adequaram seus produtos às normas técnicas foram contempladas.
Os certificados foram entregues pelo diretor técnico da Anicer, Cesar Gonçalves. Atualmente, o setor cerâmico possui 206 indústrias qualificadas (158 de blocos e 48 de telhas), sendo o maior segmento com empresas qualificadas em relação aos outros programas da cadeia construtiva. A Anicer é a entidade responsável pela implementação, gerenciamento e manutenção dos PSQs de blocos e telhas.
Ceramistas participaram de assembleia geral da Anicer
Os diretores e associados da Anicer participaram de uma assembleia geral no dia 23 de agosto, no salão Seringueira do Expo Dom Pedro, em Campinas. Na reunião que antecedeu a abertura do 45º Encontro Nacional, os ceramistas discutiram informações gerais do Programa Setorial da Qualidade – PSQ de blocos e telhas cerâmicas, a mensalidade (contribuição social) para cerâmicas e fabricantes de máquinas e deliberaram sobre o voto do associado.
Também foram apresentados o plano de marketing da associação, a proposta de plataforma A Liga Construção Conectada e os detalhes do Encontro e da 19ª Expoanicer.
“Apesar da pauta ser bem extensa, conseguimos que todos tivessem a oportunidade de falar, expor os problemas da associação e do setor”, ressaltou o presidente da Anicer, Natel Moraes, que liderou a primeira assembleia desde que foi empossado em março.
Laboratórios parceiros da EGT discutem procedimentos de qualificação no PSQ
Antes de começar o Encontro, os laboratórios parceiros da Entidade Gestora Técnica (EGT) promoveram o 14º Encontro Nacional dos Laboratórios de Cerâmica Vermelha do Senai, no dia 23 de agosto, na sala Jacarandá do Expo Dom Pedro.
Na ocasião, representantes da Rede Senai e laboratórios particulares, acreditados pelo CGCRE/Inmetro ou qualificados pela EGT, que realizam ensaios para os PSQs blocos e telhas, alinharam as ações e procedimentos que devem ser adotados nas qualificações dos produtos alvo do programa.
A pauta abordou os procedimentos de amostragem que devem ser executados pelos laboratórios, mudança na formação dos lotes/amostragem, fluxograma do PSQ, reclamações das empresas que realizam ensaios nestes laboratórios e advertências e penalidades aos laboratórios que não cumprirem com as exigências.
“Os laboratórios colocaram como principal entrave para o programa a declaração de produção das empresas, que normalmente fica muito abaixo do que realmente produzem e solicitaram a adoção de um procedimento para acompanhar as informações declaradas”, detalha a responsável pela qualidade da EGT, Thais Guirau.
Outro ponto importante foi a formação de lotes que está em discussão nos comitês de normas. O programa adotava como base para formação de um lote cada 250 mil peças produzidas, dois lotes iniciais e mais um a cada 250 mil. “Como isso não é normativo e a EGT deve seguir as normas técnicas em vigor, adotamos o que está na norma para blocos e telhas, que diz a cada 100 mil um lote”, conta.
Os técnicos da EGT também informaram aos representantes dos laboratórios que o descumprimento das regras pode acarretar até três advertências e, após a terceira, o mesmo será auditado e ficará suspenso do programa até que as não conformidades sejam solucionadas.
Representes do Sesi/Senai de todo o Brasil se reúnem em Campinas
O 45º Encontro Nacional também serviu como espaço de diálogo para diversos segmentos do setor industrial. No dia 23 de agosto, representantes do Sesi/Senai se reuniram na sala Jacarandá do Expo Dom Pedro para referendar a atuação da entidade como prestador de serviços metrológicos e de consultoria para o setor cerâmico.
O 4º Encontro Nacional do Sesi para a Cerâmica Vermelha recebeu membros dos departamentos regionais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas, Maranhão, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Alagoas.
A reunião foi pautada na análise da demanda e mudanças de regras no PSQ de blocos e telhas cerâmicas, avaliação da parceria Senai-Anicer; discussão de perspectivas de novos negócios metrológicos e de consultoria para os laboratórios do Senai e o debate sobre a revisão da norma 15.270 e seus desdobramentos.
Parceiros de longa data da Anicer, os representantes do Sesi/Senai ministraram e assistiram palestras e minicursos na programação técnica do Encontro e no estande do Sistema Indústria montado no pavilhão da Expoanicer.
Segundo o coordenador do laboratório de construção civil do Senai/RS, Luiz Carlos Tubino, a ideia é acompanhar os desafios e rumos tecnológicos para a cerâmica vermelha no Brasil, além de buscar novas parcerias. “O objetivo é fazer uma atualização sobre as demandas em novas tecnologias de produtos, processos e serviços para o setor e como incrementar a nossa atuação junto aos PSQs de blocos e telhas cerâmicas”, afirma.
Programação técnica do Encontro começa com clínica sobre o mercado da construção civil
Diante de um o auditório cheio, o engenheiro Valério Dornelles, da Tecno Logys, abriu a programação técnica do 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha, no dia 24 de agosto, ministrando a clínica tecnológica “Os desafios do mercado da construção civil”.
O empresário discutiu caminhos possíveis em meio à crise econômica que atinge fortemente o setor industrial, principalmente a construção civil. Dornelles apresentou o histórico da alvenaria racionalizada no Brasil e mostrou exemplos de soluções inovadoras desenvolvidas, inclusive, durante períodos de recessão.
“Para vencer esse jogo, tem que começar agora, na crise, e não quando está crescendo”, afirma. O engenheiro disse que um cenário desfavorável pode ser revertido em oportunidades. “Um momento de crise é um momento bom para se pensar, planejar e montar estratégia”, acredita.
Dornelles também exibiu alguns exemplos de inovações desenvolvidas da Europa e Índia, no entanto, salientou que é preciso estudar antes de lançar um produto inovador. “Quando você for definir uma estratégia você tem que saber quem vai enfrentar. As mesmas soluções não são aplicadas aos mesmos mercados”, observa.
Apesar de reconhecer que a crise econômica deve perdurar por mais alguns anos, o engenheiro finalizou a palestra com projeções para o mercado imobiliário, cujo déficit em 2014 foi de cinco milhões de moradias. Segundo Dornelles, há uma expectativa do surgimento de 16,8 novas famílias até 2024, ou seja, um mercado em potencial para a habitação.
Empresários apresentam exemplos de inovação na Clínica 2
A segunda clínica tecnológica do Encontro mostrou as experiências de três empresários na área de inovação. Realizada no dia 24 de agosto, a apresentação de Marcelo Bergamaschi, da JetCasa (SP), Mauro Freiberger, da Cerâmica Roque (RS), e Rodolfo Gama, da Arte Cerâmica Sardinha (RJ), apontou caminhos para inovar em meio à crise. O engenheiro Valério Dornelles, da Tecno Logys, foi o mediador desta apresentação.
O gaúcho Mauro Freiberger detalhou o processo de criação do seu produto mais inovador: o elemento cerâmico vetor. Com um design diferenciado dos blocos tradicionais, a peça possui uma espécie de canaleta que ajuda a evitar o desperdício de argamassa, além de deixar a construção mais limpa, rápida e sustentável. “Acredito que todos nós podemos sim inovar. Mas é preciso analisar a necessidade real do consumidor”, defendeu.
Fabricante de painéis estruturados, a Jet Casa de Marcelo Bergamaschi também é um exemplo de inovação. A empresa é pioneira por ter desenvolvido um sistema construtivo exclusivo: painéis estruturados feitos com tijolos cerâmicos de oito furos, já com as tubulações elétrica e hidráulica embutidas. “É possível buscar novos sistemas de construção com eficiência e empregando métodos de industrialização, utilizando o elemento cerâmico”, afirma Bergamaschi. “Mais de 30 mil casas já foram construídas utilizando o produto”, emenda.
Para fechar a apresentação, o ceramista Rodolfo Gama contou sua trajetória na produção de peças cerâmicas alinhadas com o acabamento estético da obra. O empresário, que já fez parcerias com universidades, diz que é preciso sair da zona de conforto para enfrentar a crise. “Meu tijolo tem que ser bonito. E é aquele negócio de melhoria constante. Nunca estou satisfeito com aquilo que faço”, revela.
Minicurso aborda gestão por resultado para empresas
Os consultores técnicos da Fundacer e Anicer, Edvaldo Maia e Vagner Oliveira ministraram o primeiro minicurso do 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha. Antes da palestra, subiram ao palco Marcos Dias, coordenador dos Institutos Senai de Tecnologia, e Augusto Borges, da Gerência de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) do Sesi Nacional, que discursaram sobre as ações das entidades em prol do setor.
Responsáveis por realizar as consultorias do projeto Cerâmica Sustentável é + Vida, os técnicos Vagner e Edvaldo conseguiram sintetizar em cerca de uma hora de apresentação os pontos mais importantes para se obter a melhor gestão de uma empresa. Acostumada a trabalhar essas orientações nas consultorias, a dupla trouxe como exemplos de sucesso as mudanças adotadas pelas cerâmicas Guarezi (SC), Içara (SC), Costa (SP), Joca Costa (TO), Kitambar (PE) e a Amapá Telhas (AP). Todas aderiram ao CS+V.
Os consultores exibiram uma pirâmide com os principais passos da metodologia Gestão por Resultados – GPR: estratégia, missão, visão e valores; metas, objetivo, indicadores, gestão e avaliação. “Setenta porcento do sucesso da cerâmica está na gestão. E criar rotina de trabalho é o foco da gestão por resultados”, frisa Maia.
A troca de experiências entre empresas atendidas ou não pelo projeto foi um dos destaques do minicurso. “Passamos para o ceramista aquilo que a gente já trabalha no dia a dia das consultorias. Ter recebido o feedback dos empresários que tiveram a oportunidade de receber os atendimentos foi extremamente positivo”, salienta Oliveira.
Norma de desempenho é tema da terceira clínica
O diretor de relações institucionais da Anicer, Sandro Silveira, foi o mediador da Clínica 3, no dia 25 de agosto, que discutiu a Norma de Desempenho (ABNT NBR 15.575). Os requisitos, objetivos e as seis partes da norma publicada em 2013 foram esmiuçados pelo professor da Unisinos/RS, Michael Moreira, e pelo engenheiro Fúlvio Vittorino, do Instituto Nacional de Tecnologia. “Esse é um assunto que vem nos preocupando e trazendo muitas dúvidas, por isso pensamos nessa clínica, para esclarecer a questão do desempenho”, enfatizou Moreira.
A Norma de Desempenho foi criada pensando no conforto, vida útil, garantia, segurança, estabilidade, desempenho acústico e térmico das construções. Além disso, a regra, cujo conceito já é trabalhado no Brasil desde a década de 1980, elimina subjetividades na hora de fazer uma avaliação. No entendimento de Vittorino a norma dificulta a utilização do produto cerâmico, pois, se for bem produzido, não faltará espaço no mercado. “Quem entrega informação consistente ao projetista, sai na frente, vai ganhar vantagem”, justifica.
Empresários assistem palestra sobre liderança em tempos de crise
Levando em conta que o setor da construção civil tem sido um dos mais prejudicados pela crise no cenário econômico nacional, o couching de carreiras Gabriel Santa Rosa ministrou palestra, no dia 25 de agosto, sobre como liderar nesses tempos difíceis.
“Toda crise é passageira. Por isso, é necessário entender que a sua operação precisa ser forte para enfrentar essa fase”, prevê. O consultor focou a apresentação no psicológico dos empresários, afetado pelas dificuldades de gerenciar o negócio em meio à estagnação econômica e que requer tanto cuidado quanto a própria administração. “Que vocês retomem o sonho que tinham quando abriram o negócio. Voltem a sonhar, ainda que seja difícil. O sonho é o ingrediente fundamental para que vocês retomem as atividades”, aconselhou.
O palestrante também deu exemplos práticos de que é possível manter a empresa, colocando o gerenciamento de custo eficiente e a atenção aos recursos humanos como estratégias fundamentais para ganhar o mercado. “Tem que ter a gestão redonda, os custos na mão para poder pensar em como aumentar o investimento. A partir do momento que tiver essa estratégia definida, deve-se olhar para a gestão de pessoas, pois é a equipe quem vai te trazer os resultados”, indicou.
Minicurso 2 aborda gestão de qualidade na indústria cerâmica
O consultor técnico Jeferson Lemke e a gestora de projetos do Sebrae/RS, Carolina Strack Rostirolla ministraram o segundo minicurso do evento, que aconteceu no dia 25 de agosto, no auditório Carvalho. O engenheiro cerâmico Bruno Frasson foi o mediador da apresentação, que trouxe casos de sucessos de cerâmicas do Rio Grande do Sul. O planejamento, a partir da determinação de metas e não de limites, é a saída observada em todos os exemplos de gestão com qualidade. “A persistência leva a um resultado, porém, tem de persistir da forma correta. Muitas vezes, as necessidades fazem com que as empresas tomem decisões rápidas, quando é preciso pensar a longo prazo”, orienta Lemke. O consultor disse ainda que é preciso pensar além da venda imediata para não obter resultados limitados. “Eu tenho que trabalhar para construir sonhos e não vender peças”.
Além de detalhar os projetos que podem auxiliar os empresários a terem uma gestão de qualidade, a gestora do Sebrae/RS lembra que sempre há um caminho viável para investir em inovação. “Não precisa ser uma grande empresa para inovar. Uma micro pode fazer, pois muitas vezes a solução está dentro de casa”. Para Carolina, as parcerias também são uma alternativa importante. “Unindo os esforços é possível contribuir com o desenvolvimento do setor”, garante.
Novas tendências de secagem é um dos temas mais procurados pelos ceramistas
O auditório Carvalho ficou lotado durante o primeiro fórum do 45º Encontro Nacional, no dia 26 de agosto, que abordou o secador de talisca. Ansiosos para tirar dúvidas sobre a nova tendência de secagem, os ceramistas queriam conhecer os prós e contras do sistema, que foram detalhados pelos consultores técnicos Amando Oliveira e Antônio Carlos Pimenta.
Ainda considerado uma novidade no Brasil, o equipamento funciona como um túnel, onde as peças a serem secas são colocadas em um único plano e transportadas em contracorrente (sentido contrário) em relação ao fluxo de ar quente controlado. De acordo com os fabricantes, a capacidade de produção varia de 10 a 30 ton/h, mas é preciso levar em consideração as propriedades da argila e dimensões deste secador.
“Pra que você utilize [o secador de talisca] de forma plena, vai ter que modificar os seus processos de controle”, avisa Oliveira. Durante a apresentação os ceramistas tiveram a oportunidade de esclarecer as vantagens e desvantagens dessa tendência de secagem, a relação de custos e benefícios entre os modelos de secadores existentes no mercado e a comparação com outros sistemas.
“O assunto é muito interessante. A maioria das cerâmicas gostaria de ter um secador desses, porém muitas delas têm questões a resolver”, explicou Pimenta, enfatizando que o investimento para implementar esse tipo de sistema custa em torno de R$ 1 milhão. “É necessário o estudo da argila, sazonalidade, avaliar as estruturas da empresa, a região e o controle da qualidade”, adverte.
A escolha da Anicer pelo tema para o fórum se deu pelo grande interesse dos empresários no sistema. “A minha intenção foi alertar todos os ceramistas com relação à compra, pois tem ceramista achando que o secador vai resolver todo problema dele. Muitos empresários agem no impulso, sendo que o risco de não funcionar bem é muito grande”, ressalta Oliveira.
Com muitas perguntas respondidas, Pimenta acredita que o público tenha saído satisfeito com a palestra. “Os ceramistas precisam ter a consciência de que é um processo mais rápido, mas que requer um bom projeto e um bom acompanhamento na utilização”, reforça.
Clínica 5 apresenta técnicas sobre como vender melhor os produtos
Ministrada pelo consultor de projetos do Sebrae/SP, Marcelo Sarro, a penúltima clínica do Encontro Nacional tratou das estratégias de venda para agregar valor aos produtos. O especialista elencou alguns pontos primordiais para planejar essa etapa da gestão da empresa: analisar o processo com foco no método de trabalho, selecionar materiais utilizados, definir máquinas e manutenção, considerar o meio ambiente e ações sustentáveis e valorizar os recursos humanos. “Todo processo produtivo precisa de mão de obra, que precisa de atenção, treinamento. A mão de obra é fundamental”, enfatiza.
A apresentação trouxe como referências o aumento do número de reformas, em plena recessão econômica, apesar da redução dos índices de novas construções em geral. Planejar uma gestão voltada para a redução de desperdícios e custos dos produtos é o primeiro passo. “Quem ainda pensa em repassar todos os custos para o consumidor está fadado a desaparecer”, calcula.
O consultor reiterou a necessidade de o empresário observar o movimento do mercado para saber identificar novos cenários e oportunidades. “Para vender melhor é preciso ficar atento à cadeira de fornecedores, ouvir o cliente, entender o que ele necessita e habituar-se a trabalhar com indicadores do segmento para saber analisar o mercado”, alertou.
Consultor orienta ceramistas sobre os caminhos para formar preços
O desafio da precificação ficou ainda maior durante o período de recessão econômica. Para nortear os ceramistas sobre como tomar essa decisão, o consultor de empresas Edson Ribeiro ministrou a clínica sobre o tema no dia 26 de agosto.
Atuante nas áreas de custos, operações e estratégias de formação de preços, Ribeiro ponderou as principais questões na hora de definir o valor de um produto: de um lado, os produtos qualificados pelo Programa Setorial de Qualidade – PSQ, cuja adesão e selo requerem um investimento financeiro; do outro, os produtos fora de norma, que não tiveram o mesmo custo daqueles que cumprem todas as exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Mercado e estratégia é subjetividade. Mas a experiência ajuda”, frisou.
O consultor apresentou a matriz de forças trabalhada no planejamento de marketing, a qual pode auxiliar os empresários, e afirmou que o excesso de conhecimento dos produtos, em contrapartida ao desconhecimento do mercado, são alguns dos obstáculos a serem considerados. “Cada modelo de gestão serve para uma determinada empresa. Não existe padrão. Todos os modelos são viáveis, depende do local no mercado onde se está”, adverte Ribeiro, reconhecendo que formar preço de commodities é ainda mais complexo.
A clínica foi elogiada pelo analista de mercado do Sebrae/SP, Enio Queijada, que acompanhou a programação técnica como ouvinte. “Foi muito positivo para atualizar os conhecimentos sobre o setor e detectar sinais e tendências do mercado para que o trabalho do Sebrae vá em confluência com isso tudo”, pontua.
Debate esclarece dúvidas sobre o Programa Setorial da Qualidade
O 45º Encontro Nacional teve um espaço importante para elucidar questões relativas ao Programa Setorial da Qualidade – PSQ para blocos e telhas cerâmicos. O diretor técnico da Anicer e gerente do PSQ, Cesar Gonçalves, o presidente da Anamaco, Cláudio Conz, e o engenheiro integrante da equipe técnica do PBQP-H, José Sergio Passos, tiraram várias dúvidas dos ceramistas sobre os programas, em um debate realizado no fechamento da programação técnica do evento.
Desde o ano passado que a qualificação no PSQ é exigida pelo Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H como primeiro requisito para a comprovação de conformidade de materiais e componentes especificados e utilizados nas habitações sociais. “Tenho certeza absoluta que fazer qualidade tem benefício”, assegura Conz, ressaltando o acordo firmado com a Anicer, no qual as duas associações se comprometem a alertar os comerciantes, associados ou não ao sistema Anamaco/Fecomac/Acomac, a não revenderem produtos fora de norma.
“As regras do Ministério das Cidades estão postas. A portaria foi publicada em maio”, alerta Gonçalves, sobre a medida que ratificou a exigência da utilização de produtos qualificados em obras dos programas de Habitação de Interesse Social – HIS, geridos pelo Ministério das Cidades. O engenheiro José Sergio Passos foi ainda mais taxativo: “As construtoras é que decidem os sistemas construtivos. Se você quer vender para uma empresa qualificada para o MCMV, tem que ter PSQ”.
O integrante do corpo técnico do PBQP-H informou que o ministério vai intensificar as cobranças. “A segunda fase que vamos desenvolver no trabalho é aumentar a fiscalização dos programas. A gente reconhece que existem falhas, mas o cerco está fechando”, alerta.
Mercado livre de energia desperta a curiosidade de ceramistas
Representando a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia – Abesco, o consultor na área de energia, João Carlos Guimarães inovou na apresentação no dia 26 de agosto. Último espaço de discussões da programação técnica do evento, o engenheiro fez uma breve explanação e abriu para as perguntas dos ceramistas.
Ávidos por informações sobre essa fonte alternativa de consumo energético, os empresários questionaram sobre a forma de contratação e distribuição da energia, os custos, as regras e mudanças na estrutura das fábricas para adoção do modelo e outras dezenas de questões técnicas e financeiras.
“O preço no mercado cativo dobrou nos últimos três anos”, revela Guimarães. O mercado livre de energia é direcionado ao cliente com demanda contratada superior a 500 kW ou para clientes, com comunhão de fato ou de direito, que atinja esse montante. Entretanto, o consultor disse que é indispensável fazer um levantamento da situação da empresa antes de aderir ao modelo. “O principal é fazer as contas e avaliar se vale a pena contratar agora”, ratificou.
Um dos participantes mais ativos nas apresentações, o empresário Francisco Xavier, proprietário da Cerâmica Salema, da Paraíba, elogiou o fórum. “Muito boa essa sua palestra, parabéns e muito obrigada por apresentar isso pra gente”, agradeceu.
Festa de encerramento tem entrega do Prêmio João de Barro e show de Demônios da Garoa
O grupo de samba paulista animou a festa de encerramento do 45º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha e a 19ª Expoanicer, na noite de 26 de agosto, no pavilhão do Expo Dom Pedro. Primeiro, foi exibido um vídeo com os melhores momentos do evento. Em seguida, o presidente da Anicer, Natel Moraes, anunciou os vencedores do Prêmio João de Barro, cujo troféu deste ano foi confeccionado pelo artista plástico sul-mato-grossense, Jeferson Lemke. A premiação destacou personalidades e empresas da indústria de cerâmica vermelha. Os vencedores são: Duracer (categoria Fornecedor), Guilherme Parsekian (Personalidade), Cerâmica Kapa (Cerâmica), INT (Instituição), Acervir Florestal (Ação Sustentável), Marcheluzzo e Bonfanti (Melhor Estande).
Para fechar a programação após três dias de conteúdo técnico, debates e muitos negócios, o público curtiu o show gratuito dos Demônios da Garoa, que mandou os clássicos “Trem das Onze”, “Saudosa Maloca”, “Tiro ao Álvaro” e “Ai Que Saudades da Amélia”.
Empresários participam de visitas técnicas às cerâmicas Mundi e Formigari
Mais de 100 empresários participaram das visitas técnicas às cerâmicas Mundi e Formigari, realizadas no dia 27 de agosto. O passeio foi organizado pela agência oficial do evento, BEC Turismo. Divididos em dois grupos, os ceramistas tiveram a oportunidade de conhecer duas indústrias que se destacam na região. “Observamos dois tipos de processos totalmente diferentes e indústrias totalmente diferenciadas em sua estrutura organizacional e produtiva”, relata o consultor técnico, Rivaldo Nóbrega.
De acordo com o engenheiro cerâmico da Fundacer, Bruno Frasson, houve uma alteração no formato das visitas em relação aos anos anteriores. “Subdividimos em dois grupos e realizamos as visitas simultaneamente. Isso deixou a visita mais proveitosa, pois os participantes tiveram mais oportunidades de interagir com os proprietários e colaboradores, promovendo um grande aprendizado e troca de experiências”, considera. O consultor Jeferson Lemke diz que a alteração aprimorou o passeio. “A forma de condução das visitas ficou por conta de cada empresa, ou seja, os gestores puderam estabelecer uma rota de visitação que tornasse a visita mais dinâmica e produtiva”, explica.
Fundada em 2002, a Cerâmica Mundi, situada na Estância Turística de Salto, distante 105 km da capital paulista, agrega alta tecnologia aos produtos. Certificada pelo Centro Cerâmico do Brasil (CCB) desde 2005, a fábrica que conta com mais de 90 funcionários é hoje a única cerâmica de telhas em atividade no município. “Além de um sistema de moagem de argila que chamou atenção, os ceramistas tiveram uma verdadeira apresentação de técnicas de ensaios cerâmicos no laboratório da cerâmica, através da Vanessa, do laboratório da Mundi”, conta Antônio Pimenta, consultor técnico que guiou os passeios Em Itapira, os empresários conheceram a Cerâmica Formigari, que atua no mercado da construção civil desde 1988. A fábrica conta com 59 funcionários, que produzem cerca de sete mil toneladas de peças por mês, entre blocos estruturais, de vedação e canaletas. Os produtos são feitos com matéria-prima selecionada e alto padrão de qualidade. “Destaco principalmente os sistemas de preparação de argilas, uma preocupação forte na
parte de preparação de massa, um ponto que destacamos muito junto às empresas”, observa o consultor Edvaldo Maia.
Os resultados obtidos pelas cerâmicas, que já foram atendidas por consultorias da Anicer, devem servir de referência para os visitantes. “Creio que alcançamos o efeito desejado, o de levar a mensagem sobre a necessidade de evolução no sistema de gestão para as indústrias cerâmica, dando forte enfoque no resultado obtido”, avalia o consultor técnico, Vagner de Oliveira.