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Desmistificando a Alvenaria de vedação e suas linhas de execução

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Construção

Desmistificando a Alvenaria de vedação e suas linhas de execução

O mercado apresenta vários sistemas e produtos para execução de alvenaria de vedação, conheça as diferenças e principais vantagens de cada um deles

Por Manuela Souza

Alvenaria, no Dicionário Aurélio: S.f. Construção. Ofício de um pedreiro; Material com o qual são construídas paredes, muros etc; Obra executada com tijolos, pedras brutas, cantaria etc., unidos por meio de argamassa, cimento, gesso etc.: a casa é de alvenaria; Qualquer produto ou obra que tenha sido construída com tijolos, pedra e cal; Procedimento utilizado para construir essas obras.

Em resumo, alvenaria nada mais é, que um conceito da construção civil, onde a junção de blocos ou tijolos, resultam na construção de paredes. Adentrando um pouco mais no assunto, temos a alvenaria de vedação, que pode ser executada com blocos de vedação – quando as peças são posicionadas com os furos na horizontal, e para instalações elétricas são necessários “rasgos” na parede, a alvenaria de vedação racionalizada, com blocos de vedação de furo vertical – quando as peças são sobrepostas com os furos na vertical, o que facilita a passagem de fios em seu interior e o bloco cerâmico maciço ou perfurado – em que as peças podem ser posicionadas vertical ou horizontalmente.

Blocos de vedação

São utilizados em alvenarias de vedação, principalmente na construção de paredes e muros. No caso de estruturas, é necessária a construção de vigas, pois esses blocos suportam apenas cargas leves. Possuem furos na posição horizontal ou vertical, sendo esses últimos para alvenarias de vedação racionalizada.

Blocos de vedação de furo vertical

São utilizados nas alvenarias estruturais. Além de função de vedação, têm função estrutural, pois suportam cargas oriundas da edificação. Seu emprego permite construir edificações sem o uso de vigas e pilares.

Tijolos maciços

Tanto os maciços como os perfurados são produzidos em dimensões menores que os blocos e possuem diversos tipos de acabamentos, cores e formatos de furos. Os perfurados possuem a mesma similaridade com os maciços, com as mesmas dimensões externas, mas com furos na vertical ou horizontal, encontrados geralmente com dois, quatro, dez, dezoito ou vinte e um furos. Já os maciços, não possuem furos, podendo conter um rebaixo em uma face de assentamento. São os mais procurados por arquitetos pelo charme e rusticidade que conferem aos ambientes.

As Alvenarias de vedação são destinadas a organizar espaços e devem suportar apenas o próprio peso e futuras cargas de utilização, a exemplo de armários e estantes. Além disso, é necessário que apresentem resistência às cargas laterais estáticas e dinâmicas, como por exemplo, a atuação do vento e impactos acidentais. Diante da variedade de opções que o mercado oferece é importante focarmos no que realmente interessa: o projeto da construção e a qualidade final da obra.

Mas, afinal, o que é preciso saber para desenvolver um produto de qualidade e que possa ser usado, sem riscos, neste tipo de sistema construtivo? Antes de tudo, e como regra básica para qualquer área da indústria, é preciso focar na qualidade e obedecer as normas técnicas vigentes para cada um desses produtos. “Atender a Norma Técnica ABNT NBR 15270-1/05. Lá são encontrados todos os requisitos exigidos para a fabricação e comercialização dos blocos cerâmicos para vedação, além da Portaria INMETRO 558/2013, que agrega outras exigências e também considera para alvenaria os tijolos cerâmicos maciços e perfurados. As condições exigidas são o aspecto visual dos produtos, sua identificação (carimbo), dimensões, espessuras de paredes e septos, desvio com relação ao esquadro e planeza das faces, absorção de água e resistência à compressão. Há a possibilidade do desenvolvimento de produtos especiais com dimensões diversas, para atender especificamente requisitos dos engenheiros, arquitetos ou projetistas, com a finalidade de otimização da obra ou alcançar melhorias no isolamento acústico, térmico ou outro item, especialmente para atendimento da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15.575/2013)”, explica o consultor técnico da Anicer, Antônio Carlos Pimenta.

Sabemos que entre os erros mais frequentes na atuação do comprador, estão o desconhecimento das normas técnicas e as compras voltadas para a economia financeira, muitas vezes sem levar em consideração a qualidade dos produtos adquiridos. Antes de tudo, é preciso executar a compra de acordo com as necessidades da construção, sendo necessário conhecer as especificações do projeto. “Para todos os materiais existem normas técnicas e portarias que servem de base para uma boa aquisição. O principal pré-requisito a ser levado em conta é a qualidade”, diz Pimenta, ao explicar que os fabricantes com qualificação no Programas Setorial da Qualidade (PSQ), do PBQH – Programa Brasileiro da Qualidade no Habitat, do Ministério das Cidades, atendem as normas técnicas brasileiras.

Os produtos cerâmicos são mais leves e apresentam enormes vantagens de qualidade, como características físico-químicas que resultam em uma condutibilidade térmica inferior aos outros materiais ou, em outras palavras, têm o melhor isolamento termoacústico. Isso permite grandes economias de energia com ar condicionado ou aquecedor ao longo de toda a vida útil do imóvel. Segundo a ACV dos produtos cerâmicos, realizado pela empresa canadense Quantis, trabalho encomendado pela Anicer, o estudo aponta, dentre outras coisas, as vantagens ecológicas dos produtos cerâmicos em comparação aos equivalentes em concreto, inclusive um desempenho ambiental superior. Além disso, blocos cerâmicos são facilmente encontrados, em qualquer região do Brasil. Testados e utilizados pela humanidade há mais de 10 mil anos, os produtos cerâmicos são os preferidos dos brasileiros por diversas razões e estão presentes em mais de 90% das residências. Produzida a partir dos quatro elementos da natureza, a cerâmica é 100% natural e não utiliza aditivos insalubres aos ocupantes dos imóveis e ao meio ambiente, sendo assim, são os mais procurados por quem deseja uma construção ecológica.

A leveza desse material é uma característica valorizada pelos engenheiros e que lhe confere maior eficiência energética e ecológica. Como os blocos de cerâmica pesam aproximadamente a metade do peso de seus equivalentes feitos com outros materiais, isso possibilita a economia no consumo de energia no transporte horizontal – das fábricas aos canteiros de obras – e no vertical – nos elevadores dos canteiros. Em relação às qualidades estéticas, também são os mais procurados pelos arquitetos, pois conferem charme aos projetos quando usados de forma aparente.

Consultado sobre as informações mais importantes, que o consumidor deve levar em consideração na hora da compra, o engenheiro civil Guilherme Andrade explicou da importância no transporte das peças e da qualidade do produto. “Um dos ganhos de custo do sistema vem do menor consumo de argamassas de assentamento e revestimento e para isto a precisão dimensional das peças fabricadas em cerâmicas que possuem bons processos, tecnologia e qualidade superior são fundamentais para o sucesso do sistema. Um bom e uniforme controle da queima, por exemplo, se traduz em lotes de peças com menor desvio padrão, o que se desdobra em menor probabilidade de patologias e consequentemente em menores custos com assistências à obras concluídas. Outro ponto importante de se saber na hora da escolha do fornecedor é se o mesmo presta um bom serviço de pós-venda, ou seja, se tem uma boa capacidade de entrega para as obras de maior volume, se pensa não só na produção, como também no processo final na visão do cliente, como por exemplo, a utilização de mini pallets que facilitam a movimentação dos pallets nos canteiros. O bloco cerâmico pode ser considerado um comoditie, mas o diferencial de serviços e uma correta orientação para o cliente podem fazer toda a diferença para uma parceria sustentável e de longo prazo”.


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