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Pesquisa estuda aditivos para produtos cerâmicos no RS

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Inovação

Pesquisa estuda aditivos para produtos cerâmicos no RS

Principal resultado obtido no projeto foi a redução do consumo específico de energia elétrica, em aproximadamente 50%, com a aplicação de apenas 1% do aditivo

Por Manuela Souza e Mellyna Reis

O Instituto de Materiais Cerâmicos (IMC) da Universidade de Caxias do Sul promoveu no dia 10 de fevereiro o seminário “Aditivos de Fontes Renováveis para Fabricação de Produtos Cerâmicos”. Com foco na inovação tecnológica para o setor, o evento foi realizado no auditório do IMC, em Bom Princípio.

Durante o seminário foi detalhada uma pesquisa sobre uma solução que utiliza aditivos de fontes renováveis para a aplicação em processos de conformação de blocos por moldagem por extrusão. O trabalho está sendo desenvolvido na região do Vale do Caí, um dos mais importantes polos produtores de cerâmica vermelha no estado.

O proprietário da Cerâmica Roque, Mauro Freiberger, participou da palestra e é um dos entusiastas da pesquisa, realizando testes nos produtos de sua fábrica, localizada em Vale Real, no Rio Grande do Sul. “Nossa empresa já havia buscado serviços técnicos da UCS, antes mesmo da fundação do IMC. Nós acompanhamos o Instituto desde sua concepção. Quando o Projeto Surfactantes foi aprovado pelo IMC, junto a SDECT – RS, fomos convidados pela equipe técnica a aderir ao Projeto”, conta.

De acordo com os pesquisadores, os resultados da pesquisa apontam alternativas para reduzir o consumo de energia e a quantidade de água no processo produtivo da cerâmica vermelha voltada para a construção civil. “Este projeto é uma ação conjunta do IMC da Universidade de Caxias do Sul (UCS) com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) do Rio Grande do Sul, visando o fortalecimento da competitividade e o desenvolvimento tecnológico da indústria cerâmica regional”, esclarece o professor e coordenador do laboratórios de materiais cerâmicos, Robinson Dudley Cruz.

“Uma das metas deste projeto de pesquisa é a divulgação dos resultados obtidos nos testes em laboratório para a comunidade ceramista e, principalmente, os benefícios e efeitos destes aditivos na economia de energia, tanto na extrusão quanto na secagem dos produtos cerâmicos”, complementa.

Na ocasião da palestra, os participantes também puderam realizar uma visita técnica ao laboratório de processamento do IMC. As impressões do ceramista Mauro Freiberger, sobre a utilização do tanino no processo produtivo são bem positivas, levando em consideração que a pesquisa ainda está em andamento, ele já comemora os dados. “Os resultados preliminares se mostraram promissores. Há impacto direto na extrusão e outros indiretos na secagem e na qualidade do produto acabado. Estamos satisfeitos com o potencial que o uso de surfactantes possa ter na redução de custos de fabricação de blocos e aumento de desempenho do produto. Há ainda que se fazer algumas adaptações no processo, o que é normal para uma inovação. Nada que assuste”.

Sobre a proposta da pesquisa e as expectativas em relação ao projeto, Freiberger se mostra otimista, mas espera que os estudos continuem e busquem mais resultados positivos para a aplicação da pesquisa no mercado de cerâmica vermelha. “A iniciativa é excelente. É muito raro uma universidade focar em problemas operacionais e técnicos em nível de chão de fábrica. Principalmente no nosso setor. Acreditamos que a inovação é necessária na fabricação de produtos para setores tradicionais como o da cerâmica vermelha. Já estava na hora de termos esse tipo de apoio acadêmico. Temos o interesse que este tipo de ação tenha continuidade. O projeto está chegando ao fim e ainda temos alguns acompanhamentos internos para fazer. Mas, o principal foi feito: criamos uma estreita parceria com o IMC. Seria muito bom para todos que a iniciativa não parasse por aqui. Pensar em inovação exige trabalho e aprimoramento constante. O projeto foi uma ação agregadora, agora temos uma oportunidade e vamos explorá-la ao máximo”, finaliza o ceramista.

A professora Janete E. Zorzi é a coordenadora da pesquisa e conversou com a Revista da Anicer sobre o andamento dos resultados já alcançados.

Janete possui graduação em Engenharia Química pela Universidade de Caxias do Sul, mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado em Ciências dos Materiais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. De maio de 2002 a dezembro de 2003 trabalhou com sinterização de carboneto de boro, com bolsa recém-doutor no IF da UFRGS. De 2004 a 2008 foi colaboradora convidada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e desde 2003 é professora na graduação e Pós-Graduação em Materiais (PGMAT) da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Tem experiência na área de Engenharia de Materiais, com ênfase em materiais cerâmicos, atuando principalmente nos seguintes temas: cerâmicas avançadas, cerâmicas tradicionais, recobrimentos duros em cerâmicas avançadas, moldagem por injeção em baixa pressão e conformação de cerâmicas em geral. Além disso, é pesquisadora nível 2 do CNPq e revisora de periódicos nacionais e internacionais na área de materiais cerâmicos.


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