Deu na telha
Telhados de cerâmica vermelha não saem de moda, são resistentes, bonitos e sustentáveis
Por Manuela Souza | Fotos: Acervo Anicer, Manuela Souza e Grupo Terra Brasil
Um dos principais elementos no projeto de construção de uma casa, o telhado está longe de ser apenas um coadjuvante na arquitetura da obra. Disponível em vários modelos e cores, as telhas cerâmicas ganham destaque em meio aos profissionais da área de construção.
De maneira geral, as telhas cerâmicas são peças produzidas individualmente, em formatos que se encaixam umas às outras, de maneira precisa, formando o telhado ao final. Este encaixe, proporciona resistência e evita infiltrações e outros problemas na construção. Muito além disso, dão charme e identidade ao projeto de uma obra.
Uma das opções mais antigas e acessíveis, a telha cerâmica é muito popular, adequa-se muito bem ao clima tropical e oferece uma ótima relação de custo-benefício. Entre os tipos mais populares estão as telhas romanas, bem comum na arquitetura romana, portuguesa e brasileira e a portuguesa, utilizada em telhados que primam pela ideia de movimento, pois possuem um acabamento ondulado. Entretanto, existe uma grande variedade de opções oferecidas no mercado, que variam quanto ao tipo de encaixe, rendimento por m² e inclinação exigida do telhado. “As telhas cerâmicas apresentam uma grande variedade de cores e formas, conferindo uma agradável visualização, além de melhor isolamento térmico e são mais leves que as telhas de concreto. A durabilidade das telhas cerâmicas, de décadas, também é uma grande vantagem com relação a outros materiais que, com o passar de poucos anos se deterioram e devem ser substituídos”, explica o consultor técnico da Anicer, Jeferson Lemke.
As primeiras telhas surgiram com os avanços no conhecimento de queima da argila e a sua transformação em cerâmica. Em eras passadas, descobriu-se que a argila possuía a propriedade de alterar facilmente sua estrutura, conforme o avanço de sua secagem, ou seja, a argila úmida podia ser modelada com tranquilidade, endurecendo à medida que secava. Assim, tornou-se a base para muitos utensílios, armazenamentos e transportes de líquidos e alimentos.
Ainda no final da Idade da Pedra, percebeu-se que este processo de endurecimento da argila poderia ser acelerado em altas temperaturas. Assim, passaram a utilizar fornos para queimar as peças, proporcionando um material ainda mais resistente e que poderia ser utilizado em diversas atividades, daí surgiu a cerâmica.
Foram os romanos que impulsionaram a utilização da cerâmica na construção civil. Outros povos buscaram diversas formas de utilizar este material e um deles desenvolveu o sistema de cobertura de casas, que substituiu as coberturas de colmos e de madeiras, que não eram muito eficazes.
As técnicas de cobertura foram se modernizando com o passar do tempo e a telha romana ganhou grande destaque em construções na Europa, até surgirem as telhas de encaixe, desenvolvidas pelos irmãos Gilardoni, fabricadas industrialmente e que se moldavam umas às outras perfeitamente. Hoje, é grande a variedade de formas, cores e acabamentos deste material.
Segmento de telhas cerâmicas no Brasil
O Brasil conta com quase duas mil fábricas de telhas cerâmicas que estão espalhadas e atendem a todas as regiões. Mensalmente, as empresas são responsáveis pela produção de 1.300 bilhões de peças, que vão dos modelos clássicos aos modernos e incluem opções naturais e coloridas.
O Diretor da Área de Telhas Cerâmicas da Anicer, José Joaquim da Costa, explica que houve um pequeno abalo no atual cenário do mercado de telhas no Brasil, mas os empresários continuam otimistas de que esta situação irá mudar. “Toda a cadeia da construção civil vem passando por dificuldades nos últimos meses. Estamos sofrendo com uma demanda reprimida, muito forte, por conta das dificuldades econômicas do Brasil. Hoje, as empresas estão com a produção acima do que o mercado pode absorver, com seus estoques elevados e, em alguns casos, com a produção parada, para dar tempo de escoar as peças do estoque. Mas o nosso setor é muito forte. Temos um material nobre e de grande tradição no país. Além disso, uma das principais missões do segmento de cerâmica vermelha brasileiro é oferecer produtos qualificados como forma de alavancar sua competitividade e garantir seu espaço na indústria da construção civil. A crise existe e as dificuldades econômicas são terríveis para o retorno do crescimento do setor a curto prazo, entretanto, estamos confiantes de que a situação irá melhorar e a economia irá se recuperar. Os recentes anúncios do governo federal, em relação a liberação do FGTS e da retomada das obras de interesse social, como o Minha Casa Minha Vida, nos deixam bastante esperançosos de que as coisas irão melhorar. O nosso segmento representa 4,8% da indústria da Construção Civil e gera cerca de 300 mil postos de trabalho diretos e 900 mil indiretos. Segundo dados do IBGE, o setor é constituído por 6.903 empresas, com faturamento superior a R$ 18 bilhões anuais. Logo se vê a importância que a cerâmica vermelha representa para o desenvolvimento do nosso país e estamos preparados para os desafios da cadeia produtiva da construção civil em superar o déficit habitacional existente no Brasil”.
Mais de 90% das coberturas realizadas no País utilizam telhas cerâmicas, que oferecem o melhor conforto térmico e acústico para os ambientes. Além de ser 100% natural, a telha de argila tem maior durabilidade quando comparada com os demais produtos com a mesma função estrutural.
Para o arquiteto Cleyton Cabral, a elaboração do telhado é um passo importante ainda na fase de elaboração do projeto. “O telhado deve ser pensado sempre em conjunto com o imóvel, de forma a criar harmonia, segurança, beleza, sustentabilidade, entre outras coisas, em toda a edificação. No desenvolvimento do projeto de uma residência, o telhado é de suma importância por diversos fatores, alguns tais como: valorização da imagem visual do imóvel, onde um telhado bem projetado destaca a construção como um todo; nas questões relacionadas a iluminação natural e temperatura dos ambientes internos, pois a escolha do material a ser utilizado para cobrir a estrutura do telhado, interfere bastante nesses aspectos, onde cada material terá a sua peculiaridade; nas questão da cor do telhado, devido a existência de uma gama enorme de produtos e com grande diversidade de cores. Muitos arquitetos gostam de utilizar cores diferentes do tradicional “cor de telha”, para valorizar ou tornar a edificação única. Mas é importante lembrar que o uso de cores deve ser muito bem pensada, uma vez que as intempéries podem provocar desgastes, como a alteração da tonalidade, e então, o que era bonito pode vir a se tornar estranho”.
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