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Marombando

João Borges

Palestrante âncora do 47º Encontro Nacional, o jornalista João Borges, concedeu uma entrevista exclusiva à Revista da Anicer, onde abordamos um pouco dos temas debatidos no evento. Jornalista especializado em Política Econômica desde 1980, Borges é editor e comentarista de Economia do Jornal das Dez, telejornal noturno da GloboNews, apresentado de domingo a domingo, desde outubro de 2011. É também comentarista de Economia do programa Prova dos Nove, da rádio CBN, emissora onde ainda participa do quadro Time das Nove, do Jornal da CBN. O comunicador já ganhou vários prêmios por reportagens na área econômica.

Por Manu Souza | Fotos: En Passant Fotografia

“A crise já acabou e o Brasil está crescendo”, o que o senhor acha desta afirmação do atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles?

O Brasil superou a recessão. Voltou a crescer, mas moderadamente. Mas ainda temos desafios imensos a vencer, para de fato entrar em um ciclo de crescimento equilibrado e sustentável ao longo do tempo.

A economia brasileira tem vivido uma desindustrialização há muitos anos. Este fato tem um peso ainda mais negativo na economia brasileira neste momento do que teve no passado? Quais são os desafios do Brasil nesse sentido?

O Brasil, infelizmente, ainda é uma economia fechada: a participação das exportações e importações no PIB ainda é muito baixa, se comparada com outras economias mais dinâmicas. Maior abertura trará mais competição (benefícios para o consumidor) e avanços tecnológicos, permitindo melhorar a competição no mercado externo. Temos os problemas de sempre que precisam ser resolvidos: infraestrutura precária, carga tributária elevada, burocracia. E condições de financiamento mais parecidas com as de nossos competidores.

O senhor acha que falta investimento no setor da indústria? Precisa de mais incentivo?

Incentivos precisam sempre ser bem avaliados. Podemos imaginar que reforma tributária, menos burocracia, melhor infraestrutura, coisas básicas que ajudariam muito as empresas em geral. Não apenas do setor industrial.

Em sua opinião, qual é a principal dificuldade da indústria?

Temos segmentos mais e menos avançados em termos de tecnologia, gestão e condições de competição. Não podemos generalizar.

Em sua opinião, como e quando começou a atual crise econômica brasileira?

Excesso de gastos a partir do segundo mandato do presidente Lula. Os exageros começaram ali, quando tudo parecia bem. Se aprofundaram no governo Dilma. A equipe econômica do atual governo redirecionou a política econômica, o que permitiu sair da recessão, mas não o suficiente para assegurar um processo saudável de crescimento.

O Brasil superou a recessão. Voltou a crescer, mas moderadamente. Mas ainda temos desafios imensos a vencer, para de fato entrar em um ciclo de crescimento equilibrado e sustentável ao longo do tempo.

Diante desse cenário político-econômico que estamos vivendo, o que podemos esperar para o fechamento deste ano e do ano que vem?

O presente já está sob influência do processo eleitoral em curso. E será cada vez mais, a medida em que se aproximar as eleições. Com a palavra os candidatos e seus assessores econômicos.

Em sua opinião, o que ainda pode ser feito e que seria determinante para o crescimento de 2018?

A essas alturas, pouco coisa a mais é possível fazer.

Qual será o principal desafio do próximo presidente do Brasil?

São imensos os desafios. Reequilibrar as contas públicas, para evitar a evolução incontrolável da dívida pública. Isso vai depender de reformas que precisam passar pelo Congresso, como a da previdência, que no caso é uma emenda constitucional. Ou seja, vai precisar do apoio do Congresso. A reforma tributária também é inadiável, o que envolve complexas negociações com os estados e também com o Congresso.