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BIM: Revolucionando a construção

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BIM: Revolucionando a construção

Modelos 3D são mais fáceis de assimilar e garantem maior fidelidade ao produto final

Por Manu Souza | Imagens: Dubai Government, Firjan e divulgação

N o Decreto nº 9.377, de 17 de maio de 2018, o governo federal oficializou a Estratégia Nacional para a Disseminação do Building Information Modeling (BIM), ou Estratégia BIM BR. No documento, ficam estabelecidos metas e prazos para implementação da metodologia BIM nas obras públicas, com a finalidade de promover um ambiente adequado ao investimento na tecnologia e sua difusão no Brasil. Mas o que é BIM e porque você deve entender a sua importância na construção civil?

O Building Information Modeling, ou simplesmente BIM, é o conjunto de tecnologias e processos incorporados aos softwares de engenharia, que permite a criação, utilização e atualização de modelos digitais de uma construção, de maneira colaborativa, servindo a todos os participantes do projeto, durante todo o ciclo de vida da construção. Um processo que muda completamente a maneira de criar, projetar, construir e manter as construções.

A iniciativa surgiu na década de 70, após pesquisas em países com tecnologia para a construção mais desenvolvidos e teve como principal objetivo a melhoria na tomada de decisão em meio as exigências de segurança, certificações ambientais, conforto e sustentabilidade. Sua utilização transformou a construção civil ao disponibilizar modelagem em 3D para facilitar a correta execução de uma obra e todas as possíveis alterações no decorrer de sua vida útil.

Para o engenheiro civil, Cícero Sallaberry, da ProjetaBIM, o sistema apresenta inúmeras vantagens e é um facilitador importante para o desenvolvimento de um projeto. “Dentre as vantagens na utilização do BIM estão: permitir modelar e compartilhar modelos de construção virtual tridimensional completos de empreendimentos; melhora na comunicação e cooperação entre colaboradores do projeto; permite prever e analisar interferências entre disciplinas de projeto; geração precisa de dados; controle de cronograma de obras à partir do modelo virtual; permite estimar e analisar riscos; auxilia no controle de logística da construção e geração de quantitativos automaticamente, diminuindo perdas em obra”, cita o profissional.

A diretora na Construtora Virtual, que atende ao mercado da construção civil em São Paulo e em Porto Alegre, Flávia Maritan, está envolvida com tecnologia e processos de implementação BIM desde o ano de 2006, criadora do blog BIMrevit, onde divulga dicas e notícias sobre o tema, ela explica as mudanças que a plataforma impactou no dia a dia de seu trabalho. “O uso da tecnologia BIM modificou os processos internos no desenvolvimento de projetos. Fez com que repensássemos a maneira que se entregavam os projetos e a forma de comunicação. Conseguimos criar novos produtos, definir soluções com mais segurança e maior visibilidade dos projetos. Conseguimos um ganho de tempo na geração de documentos e melhor qualidade na apresentação dos projetos executivos enviados para as obras”, explica a arquiteta e urbanista.

Construção Inteligente

É indiscutível que a tecnologia BIM faz parte do presente e não mais do futuro da construção brasileira. Embora ainda caminhe a passos lentos, quando comparamos o Brasil com países da Europa, Ásia e da América do Norte, aqui o conceito vem se desenvolvendo ao longo dos anos, e hoje contamos com 19 bibliotecas publicadas sobre o tema. Além de popularizar a ferramenta, instituições representativas da construção civil ajudam a tornar o setor mais competitivo no país. Com a iniciativa, ganham construtoras, engenheiros e arquitetos.

Entre as instituições que publicaram suas bibliotecas estão: Amanco, Armstrong, Brasilit, Celite, Deca, Docol, Duratex, Eliane, Gerdau, Hilti, Incepa, Lorenzetti, Pauluzzi, Placo, Pormade, Portobello, Sasazaki, Sika e Tigre.

Diretor da Pauluzzi, Juan Carlos Germano explica a importância da publicação de sua biblioteca. “Em 2016, a Pauluzzi foi uma das primeiras indústrias no país a publicar uma biblioteca BIM de seus produtos e sistemas, e desde então, tem colhido frutos deste trabalho. A biblioteca foi o passo seguinte, e natural, ao finalizar o trabalho de desempenho. Uma coisa é modelar os produtos em 3D, que é uma etapa relativamente fácil, mas o que importa aos clientes e usuários em geral são as informações contidas em cada modelo. Quanto mais informações, mais rico o modelo e mais possibilidades para os usuários”, informa Germano.

Algumas entidades como BNDES e o Exército Brasileiro, também já trabalham com projetos BIM regularmente. Na esfera privada, construtoras entendem a plataforma como um diferencial do mercado e de auxílio para garantir maior transparência em prazos, custos e qualidade da obra. No nível acadêmico, sua utilização também vem sendo inserida em graduações e especializações.

Para Flávia, o Brasil ainda precisa adequar algumas questões, para potencializar os benefícios do BIM no mercado. “Para que o uso da tecnologia e os processos BIM tenham sucesso, será necessário rever a maneira de como se ‘recebe’ projetos, de como se orça uma obra e como seu planejamento está sendo estruturado. Acredito que projetos desenvolvidos em plataformas BIM irão tornar as obras mais transparentes e será possível verificar os itens orçados e seu planejamento, minimizando aditivos e retrabalhos. A implantação desta tecnologia/processo deve ser estruturada de maneira inteligente e revistos os processos atuais para obtermos as vantagens do BIM nas obras públicas no Brasil”.


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