Natel Moraes

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Natural de Cornélio Procópio, no Paraná, 37 anos, casado e pai de duas meninas, Natel Moraes é diretor executivo do Grupo CCGCT. Formado em direito pela Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da região do Pantanal – Uniderp, atua no ramo da cerâmica há 15 anos e também integra a presidência do Sindicer/MS.

Por Manuela Souza

Quais os seus planos para o triênio à frente da Anicer?

Manter o nome Anicer cada vez mais forte no cenário nacional. Vamos, ainda, integrar o setor, unindo e fortalecendo as associações, sindicatos e demais entidades governamentais e privadas que já vêm desenvolvendo o nosso setor. Hoje temos mais de sete mil empresas em todo o país. Este poder de difusão das ações é imprescindível para o crescimento contínuo de todo o setor cerâmico, fortalecendo assim, o nome do produto cerâmico. A cerâmica tem um diferencial que precisa ser divulgado cada vez mais, onde temos qualidade e já somos referência no mercado e, por isso, estaremos sempre focados nos programas de qualificação, como o PSQ/PBPQ-H do Governo Federal, que hoje são exigências da Caixa Econômica e governos e onde manteremos um diálogo bem saudável. A Anicer tem uma equipe técnica com profissionais qualificados, onde vamos continuar a dar suporte e estrutura para que eles possam ir às indústrias, ajudar os ceramistas a solucionar os seus problemas produtivos. Temos ainda um grande foco nas feiras estaduais e também no nosso Encontro Nacional, que queremos fortalecer cada vez mais.

Como pretende colocá-los em prática?

Para colocar as ideias em prática, vamos precisar da união de toda a diretoria eleita e também dos nossos associados, pois as dificuldades são grandes e o presidente, sozinho, não conseguirá colocar as ações em prática. Sendo assim, vamos criar um conselho deliberativo que será o braço forte da Anicer e que me ajudará. Vamos dividir as tarefas em grupos temáticos, onde o responsável pela pasta deverá apresentar nas assembleias os trabalhos realizados.

O que o senhor identifica que precisa ser feito pelo setor com maior afinco?

Hoje, o que mais nos preocupa é o mercado. Devido à queda dos programas habitacionais, a venda caiu muito, causando milhares de demissões no setor e tenho preocupação que isso aumente. Por isso, vamos tentar manter um forte diálogo com o Governo Federal, para que possamos reverter esse quadro.

O que os empresários de cerâmica podem esperar da sua gestão?

Sou a quarta geração de ceramistas da família. A cerâmica já está no meu sangue, já está no meu modo de viver, apesar de todas as dificuldades, adoro o que faço. Sei das dificuldades que o setor enfrenta, pois vivo isso todos os dias. O que os amigos ceramistas podem esperar da minha parte é muito trabalho e dedicação. Vou lutar incansavelmente para colocar o setor cerâmico no destaque merecido.

Como será a sua política de diálogo com as Associações, Cooperativas e Sindicatos filiados à Anicer?

O que temos que ter em mente é que é nos sindicatos, associações e cooperativas que tudo acontece. Daí que vêm as demandas para Anicer e hoje temos muitos parceiros que podem contribuir com o nosso setor. Com certeza, temos que dialogar muito para enfrentar todas as dificuldades que teremos pela frente.

E com os fornecedores?

Daqui por diante a Anicer tem que se perguntar “fornecedor de quem”? Se for do ceramista, aí concordo com a palavra fornecedor. Agora, se for da Anicer, deveremos mudar a expressão para “cliente”. Nos dias de hoje, ambas as associações vivem as mesmas dificuldades e a Anicer estará de portas abertas para dialogar e chegar sempre no consenso, pois, na verdade, ambos temos um objetivo comum: o crescimento do setor cerâmico.

Qual será o seu principal desafio?

Hoje temos que separar os desafios da instituição Anicer dos desafios dos ceramistas. Como é do conhecimento de todos, existe um clima tenso entre as duas principais instituições do setor: a Anicer e a Anfamec. O meu objetivo é acabar com esse paradigma e trazer novos tempos, de paz, para que, com isso, a nossa Associação volte a realizar novas parcerias. Já temos muitas a realizar, tais como: Encontro Nacional, Norma de Desempenho, NR12, PSQ, entre outras. Com os ceramistas, o nosso maior desafio é trazer ele para a Anicer. Não pela contribuição financeira, longe disso, mas sim pela união de todos, pois somente unidos, teremos forças para enfrentar as diversidades que teremos pela frente nos próximos anos.

Qual o diferencial da sua gestão, em relação aos presidentes anteriores?

Hoje, existe uma grande expectativa em torno da nova diretoria, isso nos deixa muito ansiosos. A vontade de fazer é muito grande e isso é um diferencial. Uma equipe focada em fazer com que a Anicer atenda aos anseios dos ceramistas, mas isso também vem de encontro com uma grande responsabilidade, que é a de suceder os presidentes anteriores, onde, aqui, aproveito para parabenizar a gestão.

O que o setor pode esperar do Encontro Nacional de 2016? Haverá novidades?

Desde que coloquei meu nome à disposição da Anicer, já tinha em mente que todos os encontros nacionais são sempre um desafio. Em 2016 não será diferente, ainda mais com o momento econômico que atravessamos. Mas, perante a crise, temos que ser criativos e arrojados e isso a equipe da Anicer tem de sobra. Nosso trabalho é fazer um Encontro Nacional onde o ceramista encontre soluções eficientes para a sua fábrica e para atravessar o momento de crise. Como sempre, teremos novidades, que serão informadas no decorrer do processo de divulgação do Evento.

Pretende desenvolver algum tipo de estratégia junto às indústrias de cerâmica vermelha do Brasil para alavancar a qualidade dos produtos do setor?

A Anicer já trabalha em prol de um grande programa de qualidade, que é o PSQ, do Governo Federal. Nós vamos continuar trabalhando muito forte para este programa. Sabemos que teremos algumas barreiras, pois quando falamos para o empresário fazer produto com qualidade e dentro dos padrões da Norma, ele já relaciona esta ação com o custo. Então, primeiro temos que conscientizar os ceramistas para a necessidade de ter qualidade em nossos produtos, devido às exigências do próprio mercado e das normas qualificadoras; segundo, temos que fazer com que a nossa qualidade seja reconhecida e valorizada, cobrando a responsabilidade das instituições que ainda aceitam produtos fora da Norma e fazendo valer os nossos direitos de empresários sérios e comprometidos com o desenvolvimento do setor.

Planeja algum conjunto de ações para estimular práticas sustentáveis entre as indústrias? Quais seriam?

Sim, temos em mente continuar dando apoio aos ceramistas, através das nossas consultorias ambientais. Também pretendemos estimular o projeto de geração de crédito de carbono e desenvolver um programa específico para incorporação de resíduos sólidos.

Em sua opinião, quais os principais gargalos para o pleno desenvolvimento da indústria?

O empresário brasileiro deve ser chamado de sobrevivente. Temos dificuldade tanto do portão para dentro, como do portão para fora da indústria. Infelizmente, tudo que nós, empresários, fazemos para ser competitivos, se perde no meio do caminho com cargas tributárias elevadas, insegurança jurídica – pois temos uma legislação trabalhista, agora com o agravante da NR12, demora nas liberações de licenças ambientais, custo elevado da energia elétrica, logística, além do cenário econômico não favorável para a construção de novas unidades habitacionais.

A Anicer completou em janeiro 24 anos de existência. Qual a sua expectativa em relação à marca que pretende deixar na história da Associação?

24 anos de uma história de muita luta, de muitas conquistas, onde deixo aqui meus parabéns! As expectativas são grandes, apesar de o momento ser difícil, mas na minha vida nada foi fácil, assim como a de cada ceramista. E tudo que é difícil, e depois é vencido, a realização é maior. Quero deixar a marca de um presidente que fez a diferença em uma instituição que tem uma capacidade incrível de mudar a vida do ceramista.