Casa Cerâmica no modelo da CDHU é destaque na Feicon Batimat

Casa Cerâmica

Articulado pelo Sindicercon/SP, com o apoio da Acervir e Acertar, projeto é 30% mais econômico e tem zero desperdício

Por Mellyna Reis

Os produtos cerâmicos tiveram um importante destaque na Feicon Batimat deste ano, que foi realizada entre os dias 12 e 16 de abril, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo. A Casa Cerâmica 2016 foi elaborada no modelo da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo (CDHU), uma das maiores companhias habitacionais do mundo e que movimenta perto de R$ 1 bilhão por ano.

O projeto é fruto da articulação do Sindicato da Indústria da Cerâmica para Construção do Estado de São Paulo (Sindicercon/SP), com o apoio da Associação das Cerâmicas Vermelhas de Itu e Região (Acervir) e Associação das Cerâmicas de Tatuí e Região (Acertar). Em um encontro realizado em dezembro passado com o presidente da CDHU, Marcos Penido, o presidente do Sindicercon/SP, Walter Gimenes Félix e representantes de outras entidades do setor, a companhia decidiu apoiar a inclusão de blocos cerâmicos no programa de construção de moradias do estado de São Paulo.

“O projeto da CDHU tinha alguns problemas de restrição ao bloco cerâmico. As licitações das casas eram feitas para projetos de modulados em concreto. Isso trazia um desconforto para as cerâmicas, porque havia essa proteção ao bloco de concreto, quebrando a isonomia”, relembra Félix, que escolheu a Feicon para apresentar o projeto. A aceitação da proposta dos ceramistas aumenta as expectativas de crescimento do setor no mercado paulista. “Foi uma quebra de barreiras da companhia com o produto cerâmico. O que vai acontecer daqui pra frente é que os projetos de licitações vão dar oportunidades para os dois produtos”, comemora.

O modelo de habitação construído com produtos cerâmicos é 30% mais econômico que o de concreto, além de ser finalizado de forma rápida e com zero desperdício. Voltado para construtoras, o projeto é próprio para casas com dois ou três dormitórios (56,8m² e 66,2m², respectivamente), sala, cozinha, banheiro e com custo em torno de Mil reais por m². As paredes podem ser construídas em até 20 horas.

O projeto foi bastante elogiado pela CDHU, principalmente no que diz respeito à sustentabilidade. “Esta é uma grande preocupação da CDHU que, ao longo de sua história, investe no aprimoramento de seus produtos, buscando novas opções construtivas e tecnológicas”, comenta o presidente da companhia, Marcos Penido. O desenho, considerando a acessibilidade e o aproveitamento dos espaços, também foi muito bem recebido pela empresa paulista. “Os ambientes têm espaço suficiente para manobras de cadeira de rodas. Interruptores, tomadas e registros ficam em alturas acessíveis a todos os usuários. Os empreendimentos têm rampas, guarda-corpos quando necessários, pisos com faixas de sinalização para deficientes visuais e guias rebaixadas. Uma grande conquista foi a lavanderia coberta”, aprovou Penido.

O diretor de Relações Institucionais da Anicer e presidente da Acervir, Sandro Silveira, ressalta que o modelo da casa pode ser reproduzido em outros estados. “Não é um projeto paulista, é um modelo de casa que pode ser aplicada no Brasil inteiro. É um projeto que obedece todas as normas técnicas e de desempenho e foi desenvolvido na maior feira de construção civil da América Latina pra servir como modelo”, destaca.

A Casa

O projeto da Casa Cerâmica no modelo da CDHU atende as normas de desempenho, utilizando técnicas que permitem mais rapidez na execução, eficácia, maior produtividade, conforto térmico e acústico. “Há um menor gasto no que diz respeito ao uso de argamassa e ferragens, o que acarreta numa obra muito mais limpa”, explica Paulo Manzini, coordenador do projeto, salientando que as mesmas técnicas podem ser aplicadas em imóveis residenciais de médio ou alto padrão e edifícios.

A casa foi montada em cinco dias por uma equipe composta por 31 pessoas. O processo foi adaptado para a realidade de um ambiente como o de uma feira, dentro do pavilhão do Anhembi. Para atender todas as exigências e normas de segurança do local, o trabalho foi feito dentro do horário de montagem e com uma equipe maior.

“O diferencial está em apresentarmos uma casa modelo da CDHU, maior companhia habitacional do Brasil. Composta por três quartos, sala, cozinha, banheiro e lavanderia, a casa traz destaques de utilização do dia a dia, os quais atendem necessidades especiais para o cadeirante”, detalha Manzini. A obra executada na Feicon foi toda em alvenaria estrutural com os blocos cerâmicos 14x19x29. “Toda comunicação da casa durante a feira foi trabalhada em norma de desempenho das paredes cerâmicas”, acrescenta.

O coordenador do projeto está na expectativa que a CDHU adote o modelo nas próximas construções. “Nota-se que todo o corpo técnico da CDHU concorda com a cerâmica vermelha trazer melhor conforto e qualidade para suas moradias. Nós pretendemos executar a casa modelo em alguma cidade que a CDHU lançará em breve, em mais um de seus projetos”, espera.

A Casa Cerâmica 2016 contou com a parceria da Reed Exhibitions Alcantara Machado e CDHU; apoio técnico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); e apoio do Sindicato da Indústria Cerâmica para Construção do Estado de São Paulo (Sindicercon/SP), associações e sindicatos de cerâmicas de todo o Brasil e empresas privadas. A Anicer também foi uma das patrocinadoras do projeto. Os detalhes da Casa Cerâmica 2016 estão disponíveis no endereço www.casaceramica.com.br.

Balanço

Apesar do cenário econômico difícil, os organizadores avaliaram positivamente a 22ª edição da Feicon Batimat. Para a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), a feira ajudou a reaquecer o mercado da construção civil, que deve fechar 2016 com projeções melhores que as do ano passado: um crescimento de 6% com relação a 2015.

O otimismo se deve ao fato da feira ter conseguido manter a marca de aproximadamente R$ 600 milhões em negócios fechados, o equivalente a 9% do PIB da construção civil nacional. Mais de 95 mil visitantes, entre arquitetos, atacadistas, varejistas, engenheiros, distribuidores, construtores e incorporadores circularam pelo Anhembi nos cinco dias de feira.

“Conseguimos reunir em um único espaço, profissionais diversificados em busca de lançamentos, geração de negócios e troca de informações”, pontua Alexandre Brown, diretor da Feicon.

“Cerca de 60 mil lojistas de material de construção se credenciaram para o evento e, para nós do varejo, a Feicon Batimat promove o maior networking já visto no segmento, com centenas de reuniões acontecendo diariamente no ambiente da feira. O evento terminou refletindo um setor que tem boas perspectivas de crescer este ano”, avaliou o presidente da Anamaco, Cláudio Conz.

A próxima edição da Feicon Batimat acontece de 4 a 8 de abril de 2017, no São Paulo Expo (Imigrantes).

Participação

A Anicer marcou presença na Feicon Batimat com um estande e duas palestras. Uma delas foi realizada na Ilha do Conhecimento, um espaço inovador e exclusivo onde os expositores apresentaram conteúdos técnicos e informações sobre produtos, equipamentos, melhores práticas de mercado e serviços. Foi lá que o gerente técnico da associação, Bruno Frasson, ministrou a palestra “Sistemas Construtivos Industrializados com Blocos Cerâmicos”, junto com o diretor da JetCasa, Marcelo Roza Bergamaschi.

A Anicer também participou do seminário promovido pela Fundação Vanzolini sobre o Selo RGMAT, representada pelo diretor da Área de Blocos e Tijolos Cerâmicos, Luis Lima e o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor em Engenharia de Produção, André Pontes. Os dois debateram a Avaliação de Ciclo de Vida dos produtos cerâmicos – ACV.

Na programação da feira ainda teve o Congresso Feicon Batimat, o qual promoveu a reciclagem dos profissionais da construção civil, a partir de apresentações técnicas, palestras, seminários, painéis de debates, estudos de casos, entre outros. Este ano, o Fórum ConstruBR aconteceu pela primeira vez dentro da programação da Feicon. O espaço se destinou à criação de políticas de longo prazo para o desenvolvimento do mercado de construção


Dia a dia da obra na Feicon

1º dia – A execução das alvenarias foi realizada em até seis horas. Nesta etapa, foram levantadas as paredes. Toda a parte elétrica e hidráulica é embutida. O projeto é todo modulado e cada peça é aplicada no seu devido lugar. Importante destacar que, como é tudo aplicado, peça a peça, não houve desperdício de material.

2º dia – Neste dia foi colocada a laje da casa, concluída em poucas horas, já que foi apenas o fechamento. Uma empresa da área de indústria cerâmica fez o cálculo de fechamento e quantitativo para a casa executada na Feicon Batimat.

3º dia – Com o sistema de alvenaria pronto, foi iniciada a aplicação do sistema de cobertura. Nesta etapa, o uso da madeira foi substituído por um sistema galvanizado, resultando em mais velocidade e um padrão ecológico e ambientalmente correto. Tudo foi feito em até quatro horas. Também foi realizada a instalação elétrica.

4º dia – Foram feitas as aplicações de pisos e revestimentos, ou seja, os acabamentos.

5º dia – Neste dia foram finalizados os revestimentos de piso e paredes. Também foi instalado um sistema de aquecedor solar criado para obras de padrão econômico.